quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quando o meu mundo duplicou

No outro dia lembrei da minha infância. E lembrei daquele dia. Não sei precisar a data. Mas era fim de semana porque os meus pais estavam em casa. E acho que estava sol. Pelo menos na minha lembrança estava sol.

Lamento mas não lembro dos detalhes. A pintura está meio esbatida, vejo só o contorno. E mesmo assim tenho dúvidas se o que vejo foi o que aconteceu ou o que hoje imagino que tenha acontecido. Minha mente se encarregou de preencher os espaços em branco como achou mais conveniente.

Eu tinha um pouco mais de sete anos. Ou pelo menos é o que eu acho que eu tinha. Meu irmão tinha mais ou menos um ano. Só sei disso pela nossa diferença de idade. Tenho pena dessa memória fraca que eu envergo ao fim de (só) 23 anos. Bem que minha avó diz que quando eu chegar à idade dela (se eu chegar) estarei muito pior que ela.

Meu pai me chamou para ir ao play do nosso prédio. Como toda criança, fiquei muito feliz. Afinal, sempre adorei brincar com meu paizão. Ele insistiu em levar o chato do meu irmão mais novo. Eu reclamei, afinal ele sempre estragava as brincadeiras todas. Peguei na bola grande e ouvi:
- Hoje não é para levar a bola. Nem a bicicleta.
- Ah pai... Mas a gente vai brincar de quê então?
- Hoje a gente vai conversar.
- Que chato...

Eu não lembro como a conversa começou, mas lembro perfeitamente desse momento:
- Sabe aqueles dias em que o papai sai cedo para o trabalho e chega tarde e a gente nem se vê? Vai ser a mesma coisa, só que todos os dias.
- Tá bem.

Eu nem chorei. Sinceramente acho que nem entendi bem o que estava acontecendo. Nem lembro de ver meu pai fazer as malas. Nem sei se houve um beijo de despedida. Só sei que um dia meu pai estava lá e a partir de certa altura deixou de estar. E a partir de certo momento meu pai passou a ser visita em casa. Passou a tocar na campainha para entrar e a pedir licença à minha avó. E de repente vi meu mundo duplicar. Duas casas, duas festas de aniversário, dois natais, dois ovos de páscoa, duas famílias.

Criança é bicho engraçado... Eu queria com toda a força que meus pais estivessem juntos. E lembro de trancar o porta de casa e esconder a chave para meu pai não sair mais. E lembro de achar que se meus pais se beijassem estaria tudo resolvido. Então eu nunca deixava meu pai sair da minha casa sem dar um beijo na boca da minha mãe.

Esses esquemas nunca deram resultado cada um seguiu o seu caminho. Mas mesmo assim acho que todos foram felizes para sempre.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Gosto amargo

Ela tem um gosto amargo e se chama saudade.

Quintana, fala por mim hoje que me falta a inspiração. Ou será a coragem?

Amar
Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.


Porque mesmo de olhos fechados eu vejo você... E mesmo que a minha voz calasse e que me faltassem as palavras eu encontraria forma de dizer que te amo. Ai como eu queria voltar a ser criança... Um joelho ralado é infinitamente mais fácil de curar que um coração partido.

domingo, 28 de outubro de 2007

Peito, Wonderbra e otras cositas más

E a série de sonhos malucos com o meu carro e com o meu ex foi interrompida por um novo sonho doido.

Essa noite sonhei que tinha ido ao circo botar silicone nos peitos. Peraí, não entendeu?! Precisa ler de novo? Sim, eu sonhei que fui ao circo fazer uma cirurgia para botar silicone nos peitos.

Não faz sentido? Eu sei. Mas sonho é sonho e a gente não manda neles. Ou vocês acham mesmo que se eu pudesse escolher eu iria sonhar em ir ao circo botar silicone?

Bom... Eu sempre fui uma mulher... Hummm... Digamos assim... Despeitada! Até que eu descobri o maravilhoso Wonder-bra! Aquilo é ótimo! Empina aquilo que a gente não tem e faz parecer que existe alguma coisa debaixo dos panos. Mas quando você vai ver é mesmo só a armação do sutiã que dá o efeito. Ilusão de ótica meus caros amigos! Nem David Coperfield seria capaz de uma mágica assim.

A desvantagem do wonder-bra é que ele é totalmente "fake". Só recomendado para aquelas noites em que não vai rolar uma pegada no peito.

Para começar o peito fica meio duro, como se você estivesse usando uma armadura em vez de um sutiã. É por causa daquelas almofadinhas. Aí o cara vai pegar e... Bem, digamos que não é legal. Porque peito tem uma consistência assim... fofinha. Aí com o "wonder" ele fica duro, é estranho.

Não sei se é cisma minha, mas acho que peito tem que ser fofinho. Não que eu entenda de pegar em peito... Acho que até hoje eu só peguei no meu. Quer dizer, eu levei com um peito na cara uma vez... Mas essa história vai ter que ficar para outro dia!

E como eu ia dizendo, o wonder-bra é mágico. Funciona bem quando você está vestida. E mal quando você está pelada. Porque você tira o sutiã e é caso para o cara dizer:
- Mas onde foram parar aqueles dois melões?
- Estão aqui meu bem!
- Onde?!
- Aqui. (Aponta)
- Ah... Isso? Pensei que fossem duas verrugas!

Portanto meninas, se vocês vão sair com um cara e prevêem que o sutiã vá sair também, recomendo que deixem o wonder-bra em casa. Se forem ficar bem comportadas, então levem o wonder e abusem no decote!!!


O efeito "wonder-bra"

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Natividad

Há uns que morrem pelos outros. Há outros que não morrem por ninguém.

Acho que vocês já ouviram falar da história de Natividad. O cachorro que moreu pela “arte”.

Se é que alguém consegue chamar aquilo de arte. Sinceramente, eu não entendo arte moderna. Me chamem de burra, limitada ou do que quiserem. Adoro o Renascimento, o Barroco e o Impressionismo, principalmente Monet. Para mim é isso é que é arte. Não entendo Miró e também não sei desde quando o sofrimento se tornou bonito de se ver.

Sim, porque eu não sei se vocês imaginam, mas aquele cachorro sofreu. Sem comida, sem água, sem oportunidade. Sou muito longe de defensora dos animais, abraçadora de árvores ou qualquer coisa parecida. Mas me chocou. Não gostei. Achei pura maldade.

Crueldade? Sim, muita crueldade. Ele quis dar uma opinião. Expôr um ponto de vista. E até acredito que seja uma opinião válida. De certa forma até concordo com o que ele disse. De acordo com a expressão do próprio artista, ele quis falar da hipocrisia. E que se o cão estivesse na rua ninguém se teria importado. É verdade? Sim! Quantos cães morrem de fome e você nem vê? Quantas crianças morrem de fome e você nem vê? Quanta gente morre na guerra e você nem vê? Quantos idosos morrem sozinhos em lares e você nem vê? Ele pegou a morte e esfregou na cara do mundo. A morte virou espetáculo para todo mundo ver. E o mundo não gostou do que viu. A morte é feia.

E agora vamos martirizar o cão, torná-lo numa bandeira. Será que isso impedirá os outros cães de morrerem? Não. Será que a partir daí construiremos um mundo melhor? Também não. Mas o que é certo é que o “artista” teve seus quinze mintutos de fama.

A ideia até poderia ser boa, mas ele não a desenvolveu da maneira correcta. Porque matar um animal só para provar uma tese não pode estar certo! Ou serei eu que estou muito errada? Desde quando a nossa sociedade se tornou permissiva a ponto de deixar a morte acontecer ao vivo? E, se é assim, até que ponto chegaremos? Alguém pode me dizer onde foi para o nosso senso de bem e de mal?

Essas coisas me assustam sabe? Pensar que estamos descontrolados. Pensar até que ponto vamos deixar acontecer passivamente, como meros espectadores da vida. E pensar na nossa evolução. Enquanto sociedade, enquanto seres humanos. Mau gosto, tortura, crueldade. Tenho medo que isso se torne banal. Onde estão os nossos limites?

Há uns que morrem pelos outros. Há outros que não morrem por ninguém.

Lamento te dizer, Natividad, mas a verdade é que você morreu em vão.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Não, nem tudo vale a pena!

Querido Pessoa,

Hoje tenho que discordar de você. Porque um dia você me disse que "tudo vale a pena se a alma não é pequena". E a minha não é, Fernando. Pode acreditar que não é.

Ontem:
Sair quase à meia noite para ir vê-lo. Uma hora e meia de caminho. Mentir para a polícia. Gastar 9 Euros em telefone. Se perder. Dormir dentro do carro.

Hoje:
Voltar correndo para casa às seis e meia da manhã. Tomar banho. Botar cara de feliz. Trabalhar. Olheiras até aos pés. Dor de cabeça. Dor nas costas. Sono. Muito sono.

Ele não apareceu, Pessoa... E ainda assim você acha que valeu a pena? Eu não!

Será que dói menos viver como Ricardo Reis e Lídia, que simplesmente sentavam à beira do rio e viam a vida passar? Sabe Fernando, eu queria ser a Lili, da "Quadrilha" de Drummond.

Mas a verdade é que hoje eu me sinto meio "José".

E agora?

Se chorei por amor foi porque amores tive para chorar...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Hoje é só conversa!

Ah, hoje éu quero falar de mim! E vai ser diarinho mesmo! Se não gosta leia o post abaixo que é sobre o “Tropa de Elite”. Ou então clique aqui (http://mulherhonesta.sites.uol.com.br/) e leia o texto maravilhoso da Ailin Aleixo que se chama: “38, o número da besta”. Ou então deixe um comentário dizendo que o post está uma porcaria e para eu tomar vergonha na cara e parar de escrever essas idiotices.

Esse tempo chuvoso é uma bosta. Me deixa com enxaquecas. Sem contar que esqueci a rede lá fora e ela apanhou chuva durante toda a madrugada. Ok, acho que está na hora de concluir que o verão acabou definitivamente e deixar a rede em “stand by” próximo mês de Maio. Grunf...

E por falar em “standy by”... Agora quem está em “stand by” sou eu. A espera que “ele” chegue. É como se o mundo tivesse perdido os sentidos. Sem cor, sem cheiro, sem gosto, sem música... A gente se fala todos os dias e isso só aumenta a ansiedade. Se eu pudesse eu dormiria por 8 dias.

E por falar em dormir... Tenho tido uns sonhos esquisitos com o meu carro e com o meu ex. Não! Não com os dois ao mesmo tempo. Uma vezes com o carro, outras vezes com o ex. É daquelas coisas que só Freud explica.

E por falar em ex... A minha casa está parecendo um campo de refugiados com todas as coisas que ele trouxe no sábado. Já guardei as roupas, agora falta o resto. E é tanta coisa... Como a gente acumula tralha numa vida né? Decidi que eu vou jogar fora tudo eu tenho mas que eu não lembrava que eu tinha. É porque se eu não lembrava que eu tinha é porque não faz falta. E se não faz falta não faz sentido guardar.

Mas agora mudando de assunto... Hoje tive mais uma prova de como o mundo é pequeno. E não é que aquele cara que combina perfeitamente com a mobília do meu quarto passou a prestar serviços na minha empresa?! Esbarrei com ele sem querer. Ficamos meio sem graça. Eu derrubei as folhas, ele deixou as chaves caírem... E a minha V. assistindo de camarote à minha “comédia da vida privada”. Hummm... Isso não vai dar certo...

E por falar em dar... Bom, essa história vai ter que ficar para outro dia! Ah, e Portugal às vezes me assusta. Ainda ontem recebi um telefonema de um colega. Vejam bem isso:

- Boa tarde fala a Ana.
- Sim Ana? É D, a C não está?
- Não Sr. D., mas É alguma coisa que eu possa ajudar?
- É só para avisar que eu vou chegar um pouco mais tarde. É que eu vou com o R levar a pica.
- O QUÊÊÊÊ?!?!?!?!?
- Vamos tomar a vacina da gripe.
- Ahn... Boa pica então!!!

Existem coisas com as quais eu não me acostumo mesmo com quase dez anos de Portugal... E uma delas é que pica quer injeção...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Vamos lá falar de coisas sérias

Me vi muito frustrada quando todos os blogs que eu lia falavam de um filme ao qual eu era completamente alheia. Isso de morar no fim do mundo tem as suas desvantagens. Pois bem, eis que 700Mb entraram no meu computador e me trouxeram de volta ao mundo civilizado. É gente, eu também vi o “Tropa de Elite”. Num fim de semana vi duas vezes.

O filme é complexo e eu não quis deixar de dar aqui a minha opinião. Em primeiro lugar acho que qualquer análise a este filme tem que ser bi-partida. O filme enquanto filme e o filme enquanto crítica social.

Enquanto filme é excelente. Me surpreendeu muito pela positiva. Depois do (simplesmente maravilhoso) “Cidade de Deus” eu estava a espera de um filme assim escuro, sangrento, violento e chocante. Mas não. E não adianta dizer que o filme é violento. Não é nada que a gente não esteja acostumado a ver nos enlatados americanos que fazem propaganda nacionalista. O filme é óptimo, as interpretações estão maravilhosas e a narração em voz-off faz as cenas fluírem muito melhor. Nesse ponto não tenho qualquer crítica.

Onde as questões se levantam mesmo é relativamente à crítica social. Sem dúvida o filme incomoda. Pela primeira vez se aponta o dedo às classes média e alta responsabilizando-os pelo tráfico de droga. E mais: o filme mostra que o BOPE mata. Assim, sem eufemismo e sem meias palavras. O BOPE mata, pronto! E é treinado para matar. E que, infelizmente, o Rio de Janeiro está em guerra. Mas é uma guerra estranha. Porque ninguém consegue dizer quem são os mocinhos e quem são os bandidos. Não existe preto e branco, só cinza. Sinceramente acho que é uma guerra sem mocinhos. E, pelo menos por enquanto, sem final feliz à vista.

Será essa a solução para acabar com o tráfico e a violência? Não! Este Esta é uma solução tipo “esparadrapo”. Você estanca o sangue e espera que a ferida cure sozinha. Uma tentativa tosca de reolver os problemas. Mas, neste caso, o buraco é mais embaixo. A ferida não vai sarar assim. O esparadrapo vai ficar velho, vai cair e a ferida vai continuar sangrando.

A solução passa pela prevenção, não pela punição. Passa pela educação das crianças, pela criação de emprego, pela melhor distribuição da riqueza, pela melhor prestação de serviços públicos, enfim por um melhor Brasil. Será que a gente consegue?

sábado, 20 de outubro de 2007

A primeira boneca moderna

Quem é que não conhece a Barbie? Aquela boneca loira dos olhos azuis, turbinada e de cintura fina...? Que tem cerca de 328 anos e usa muito botox para disfarçar as rugas? Sim, essa mesmo.

Pois é... Nos anos 80 (eufemismo para não dizer "na minha época") essa boneca era uma febre. Acho que toda menina brincou de Barbie. E a Barbie é uma boneca muito instrutiva. Sim, a Barbie é a primeira boneca feminista da história.

Não entendeu? A Barbie inverteu o Génesis minha gente! Primeiro veio a Barbie, loura e esplendorosa. Aí um dia alguém se lembrou que ela precisava de uma marido. E só aí nasceu o Ken.

A Barbie virou modelo, actriz, juíza, bailarina exótica, foi passear na selva, competiu nas olimpíadas e até foi deputada. E o Ken? Alguém sabe me dizer a profissão do Ken? Ele tinha como única função ser o marido da Barbie.

Resumindo: enquanto a Barbie saía para trabalhar, para viajar e para passear com as amigas o Ken ficava em casa, ou melhor, na casa da Barbie cuidando do corpinho para acompanhar a gostosona da mulher.

A Barbie teve casa, carro, salão de cabeleireiro, loja de conveniência e até foi dona de boate. E o Ken? Ele só ficava lá, com aquele sorriso bobo e cara de bundão. Até os filhos eram da Barbie!

Pra mim o Ken foi o primeiro marido frustrado da história. E então esolveu se vingar! Fundou a sua religião: o islamismo.

Como vocês não sabiam que o Ken e a Barbie eram muçulmanos?! Isso sempre foi tão óbvio! Quer uma prova? Quantas Barbies você tinha? Eu tinha 6. E quantos Kens? Eu só tinha um. Entendeu agora? Pois é... Ele fundou o seu harém particular.

Mas a vingança da Barbie não tardou... Apesar de ter aquela mulherada toda o Ken não podia fazer nada.

Ou vocês nunca repararam que o Ken era eunuco???

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

No, I'm coming to you

Eu sei... Exagerei no romantismo... Mas "ele" me deixa assim... Fazer o quê?

É horrível viver em contagem decrescente. Os dias que faltam até ao fim do mês, as horas que faltam para sair do trabalho, os minutos que faltam para apanhar o trem, os segundos que faltam para te ver...

Quatro meses de curso de italiano foram bastantes para dizer, na hora certa:
- Possiamo prendere un caffé insieme?

Vinte segundos foram precisos para mudar o meu dia:
- Are you coming to Lisbon?
- No, I'm coming to you!

E foi só preciso um segundo para lembrar de nós. De tudo sobre nós.

De como Lisboa tinha outro cheiro, outra cor quando você passeava comigo... De como o Francesco e a Vittoria teriam sido lindos... "Com os meus olhos, mas com o teu olhar"... De como você ia aprender português porque às vezes eu canso de falar outras línguas... E de como... Ai... Tanta coisa que veio assim, de repente...

Lembrei até de como tudo acabou. No aeroporto. Onde tudo sempre acaba. Lembrei do gosto amargo do último beijo, da tristeza do último abraço. De como eu achei que a gente nunca mais ia se ver.

E eu voltei para casa pensando em Vinícius, em quem eu penso sempre depois da paixão: "Que não seja eterno posto que é chama...".

Agora vai ser infinito de novo.

E você se pergunta por que eu nunca falei de ti? Egoísmo. Eu queria você só para mim. Como uma lebrança, um segredo gostoso só meu. Mas hoje você não é mais uma lembrança. Hoje você é uma promessa.

Amanhã você será uma realidade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Eu tirei foto e tudo!

Dessa vez ela era enorme!!! Eu juro!!! E tenho fotos para provar! Sim, porque eu sou daquelas que mata a cobra e mostra o pau! Nada de história de pescador!

Ainda tenho bem gravada na memória a primeira vez que a vi. Foi ontem à noite. Eu estava na cama lendo e senti que estava a ser observada. Era ela. Me olhava em silêncio, me estudava... Quando a vi fiquei petrificada. Todo o meu corpo estremeceu.

Agarrei no telefone para telefonar para pedir ajuda. Eu não tinha coragem para a enfrentar sozinha. Bradei aos céus contra meu divórcio e a solidão do meu apartamento.

Pensei em ligar para a minha mãe. Mas ela não poderia me ajudar. Pensei em ligar para ele. Mas eu sabia que ele não viria. No desespero quase liguei para o ex, mas depois da última (má) experiência desisti.

Quase apelei para o vizinho, mas imagina tocar a campainha dele e dizer:
- Oi, precisava de uma ajuda na minha casa...
- Ah, o que?
- Precisava que você fosse lá dar uma chinelada na minha aranha...

Ok, essa hipótese foi logo afastada. Então pensei em ligar para o corpo de bombeiros, para a polícia de choque, para o exército e até para um pai de santo... Mas vi que estava sozinha.

Era matar ou morrer, mano a mano.

Comecei por uma abordagem carinhosa:
- Senhora Dona Aranha, você se importaria de abandonar o meu lar?

A safada fingiu que não ouviu. Segunda tentativa:
- Sua maldita! Sai desta casa que não te pertence!!!

Nada... Talvez ela não fale português. Terceira e última vez:
- Dear Miss Spider, would you mind to leave my apartment? It's small and I really don't want to share my bed with someone I don't know. And... you see... We're haven' really met yet. I'm Ana, by the way... What's your name?

E ela nem se mexeu. Hora de partir para o ataque! Ou sai a bem ou sai a mal!!! Mas antes... Vou tirar uma fotografia! Para provar que ela era mesmo grande. Imagina o ridículo da situação: eu, sozinha em casa, tirando fotografia de uma aranha antes de matá-la. Se parar para pensar é até meio sádico.

Subi numa cadeira e mandei ver no inseticida. Depois ainda a esmigalhei com a vassoura. Bem feito! É para ver que comigo não se brinca. Agora ela jaz no lixo do banheiro enrolada em papel higiênico.

Ah, agora querem ver a foto, né? Olha ela aqui!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Trevas

O dia virou noite, mas hoje a noite não virou dia.
Hoje não fez sol, mas eu aprendi a brincar com as trevas.
Depois choveu, e eu tive que saber rolar na lama.
Todos se foram, e eu fui forçada a encarar a solidão e o silêncio.
E até nevou, por isso costurei meu prório casaco.
Na guerra eu fabriquei as minhas armas.
Curei minhas feridas, segui na frente de batalha.
E veio a miséria, a praga e a doença.
Eu superei, sobrevivi, ultrapassei.
Nem a fome me incomodou porque eu me alimentei de mim mesma.
Eu só chorei uma vez.
Foi quando você partiu...
...meu coração.



Ouvindo "Release" dos Pearl Jam

domingo, 14 de outubro de 2007

Dia das Crianças

- Minha filha o que você quer de dia das crianças?
- Eu quero um desse aqui ó!
- Mas... Minha filha... Você ainda é muito nova para ter um desses...
- Pô mãe... Eu já estou na quarta série... Por que eu não posso ter um celular?!
- Ahn?! Celular?! Que celular?!


Tá bem, eu sei que é difícil passar do olhar "eu vou te comer" do Beck, mas eu juro que tem um celular escondido nessa foto!!!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O príncipe do pé descalço


Eu sou daquelas que acredita que o “príncipe encantado” pode ser encontrado a qualquer hora, em qualquer lugar. Até às oito da manhã, no trem a caminho do trabalho.

Levantei os olhos do chão para ver a paisagem. E que paisagem que estava na minha frente... Ui... Até olhei de novo para ver se não era alucinação da minha mente sonolenta. Cabelos castanho claros, olhos cor de mel, mais ou menos 1,80m bem divididos num corpo escultural. A primeira coisa que me ocorreu foi: “Nossa, esse homem combina perfeitamente com mobília do meu quarto...”.

A luz do trem diminuiu e começou a tocar “Hotel California” dos Eagles de música de fundo. Continuei a avaliar a situação. Humm... Lindo, bem vestido... Camisa da Zara, calças da Salsa, e sapatos...

MAS QUE PORRA É ESSA?!?!?!?!

Ele estava calçando aquelas sandálias “Croc”. HOR-Rí-VEL!!! Para quem não sabe, são essas aqui ó!



Eu até acredito que essas sandálias devam ser super confortáveis e até ficam bem nas crianças, mas nunca no homem que eu escolher para ocupar a vaga de “futuro genro de mamãe”.

Imediatamente a música de fundo terminou, voltamos à luz natural das 8 da manhã e o mundo deixou de girar em câmera lenta. Eu não sei quem inventou essas sandálias, mas pelamordedeus!!! Foi alguém que quis acabar com o tesão do mundo. Elas são altamente brochantes. Um homem que usa esse calçado tem tantas chances de me levar para a cama como eu tenho chances de desfilar de biquíni na São Paulo Fashion Week.

Acho que esse sapato só perde, no ranking das coisas brochantes, para a dupla “pau duro e meias”. Existe coisa mais ridícula que o homem ali peladão, em ponto de bala, e de meias?! Nossa... Ninguém merece né?! Custa perder 10 segundos e botar os pés de fora?

Isso é um assunto muito sério minha gente. Deviam haver leis proibindo que as pessoas transassem de meias.

Para terminar, deixo aqui a frase que será o slogan da minha campanha anti-meias: "Na cama só use uma peça de roupa: a camisinha!"

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Senhor Raposo

Sentei num bar depois do trabalho e pedi um café preto. Comecei a rabiscar o que seria este post. Fui interrompida por um arrastar de cadeira. Levantei os olhos e ele perguntou:
- Posso me sentar com você?

Sem me dar tempo para responder ele sentou-se à minha frente.
- Você se importa que eu fume?
- Er... Não...
- Por que você não matou a Adelaide?
- Quem?!
- A Adelaide, a suicida que ia tomar os remédios...
- Foi ela que decidiu viver... Acho que todo mundo merece uma segunda chance.
- Mas ela merecia morrer! Que mulherzinha chata, sem sal, sem conteúdo...
- Ah... Não fala assim... Eu gostei dela!
- Vá, admite... Você não teve foi coragem deixá-la morrer!
- Hummm... Talvez... Sabe, eu gosto da vida. E meus personagens são como se fossem meus filhos...
- Você é covarde!!!
- Mas quem é você? E quem te deu o direito de falar assim comigo?
- José Inácio Raposo, muito prazer. Li o seu blog e achei muito fraquinho... Falta emoção, drama... Você realmente deveria ter matado a Adelaide.
- Escuta aqui Senhor Raposo... O blog é meu e eu escrevo o que eu quiser, como eu quiser e quem manda ali sou eu! Se não gosta é fácil, não lê!
- Ui... Tão autoritária... Agora ficou irritadinha foi? Se você tivesse mesmo essa força toda a Adelaide estava comendo grama pela raiz!
- Chega!!!

Perdi a paciência! Levantei-me, virei a mesa, abri a minha bolsa e tirei de lá o meu revólver. Dei dois tiros no tal Senhor Raposo. Paguei o café e fui embora. Pronto, não matei a Adelaide mas despachei esse aí. Espero que ele esteja satisfeito agora.

----XXX----


Duas semanas depois, Hospital de Santa Maria em Lisboa.

Abriu os olhos, viu a enfermeira. Perguntou:

- Desculpe Senhora, mas onde eu estou?

- Ohh!!!! Você acabou de acordar de um coma! Que maravilha! Você está se sentindo bem?

- Hahaha!!! Eu sabia que aquela mulher não tinha coragem para me matar...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Os sonhos não mudaram

Um dia você percebe que os teus sonhos não mudaram. Você é que deixou de acreditar neles.

Por quê? Medo. De falhar, de não dar certo, de se desiludir. E aos poucos você vai diminuindo seus sonhos, adaptando-os, tornando-os mais realistas, mais palpáveis, mais possíveis. Assim é mais fácil. Você vai realizando pequenos projectos e sente que assim está cumprindo os seus objectivos.

Pura ilusão! Porque afinal você continua querendo ser feliz para sempre. Só que você se contenta em ser feliz só até amanhã, até ao fim de semana, enquanto for dando... Desde de pequena eu ouço dizer que “quanto mais alto, maior a queda”. Parece que nós somos educados para sonhar baixinho.

Que sociedade conformista é esta que estamos criando? É isso que queremos para os nossos filhos e netos? Que eles deixem de acreditar? É isso? Estamos reduzidos ao realismo e à praticidade da vida quotidiana?

É assim que, aos poucos, vamos nos tornando mais medíocres. Uma geração sem força de vontade, sem ideais.

Pois bem. Eu não vou me conformar! Não vou deixar cortarem minhas asas. Vou continuar voando bem alto, sonhando e acreditando.

Porque só assim é que a gente consegue ser feliz para sempre.

sábado, 6 de outubro de 2007

Mistérios da balada

Um dos maiores mistérios da natureza para mim é tentar entender aquela gente que vai de óculos escuro para as discotecas. Eu percebo que tem aquelas luzes e que as pessoas têm olhos sensiveis mas... Isso é demais para a minha compreensão.

Imagino o carinha entrando na discoteca, se achando a última bolacha no pacote e pensando: "Hehe, olha como eu sou gostoso. Tá todo mundo me olhando. Pena que eu não vejo ninguém, muito mal iluminado isso aqui...".

E depois eles se reúnem ali perto do palco para dançar as coreografias todas, iguaiszinhos. Gente, como eles sabem aquilo tudo?! Será que eles não trabalham, não dormem, não comem ou não fo**m só para ficar decorando aquelas dancinhas?! Pensa bem, o cara chega em casa do trabalho e liga o DVD das coreografias e fica que nem um babaca treinando em casa em frente à TV. Vai prá lá, vai prá cá, mão pra cima, dá uma reboladinha, sobe, desce... Tem dó né?!

Eu adoro homem que sabe dançar, mas tudo tem o seu limite. Eu jamais sairia com a "diva" da pista. Imagina transar com um homem desses?! Se ele se põe a fazer esses rebolados na cama a primeira coisa que vai me ocorrer é: "Onde é isso se desliga?"... Cruzes!!!

Por falar em "diva", eis que entra uma personagem na discoteca. Um ilustre mulato de terno branco, sapato branco e chapéu branco colocado de banda com 2 loiras popozudas a tiracolo. Não tem como não olhar... Nem como não comentar:
- Quem é essa criatura se achando o Puff Daddy de Minas Gerais?
- É o *********** (não vou colocar o nome para preservar a dignidade do cidadão, não que ele se importe, mas...), ele tem uma banda de pagode.
- Ah, tá explicado... Mas, que figura hein?!
- Podes crer. É uma figura triste, mas ainda assim é uma figura!

Mas o pior mesmo é quando você finalmente se livra do baixinho que morde e consegue ganhar aquele gato que você paquerou a noite toda e aí a tua amiga resolve achar que a discoteca tem urucubaca e quer ir embora... Tsc, Tsc...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Genebra - Parte I

Bom, como não podia deixar de ser, voltei de Genebra com chocolates e histórias na bagagem.

Eu cheguei na Suíça por volta das 11 da noite. Fui botar as coisas no hotel e depois resolvi dar uma voltinha pela cidade. Incrivelmente as ruas estavam completamente desertas, só com algumas pessoas em uns barzinhos. Foi aí que eu reparei um cara olhando para mim. Ele levantou do bar e veio na minha direcção:
- Salut! Ça va?
- Hello... (disse eu entre dentes)
- So... What language do you speak?
- English, a little italian, portuguese...
- Você fala português?!
- Você é brasileiro?!

É incrível, nós estamos em todos os lugares. Mesmo nos cantos mais remotos do planeta. Até na série do Lost nós estamos! Achei graça à coincidência e fiquei conversando enquanto iamos andando pela rua. Estava gostando de ter companhia, afinal viajar sozinha é muito ruim.

Conversa vai, conversa vem e eu perguntei:
- Aqui parece tão calmo... O que você faz para se divertir?
- Ah, a gente vem principalmente aos bares e aos cafés, tomar uma cerveja e conversar.
- Legal.
- Mas uma coisa que eu adoro fazer é ir ao banho turco. É tão bom! Você já foi?
- Não...
- Então a gente combina de ir amanhã.
- Mas eu não trouxe o meu biquíni...
- Não é preciso.
- Não? Eles alugam lá? (Tão inocente...)
- Não, querida. Banho turco é pelado.
- Mas... Pelado?! Assim todo mundo junto?! Tipo suruba?! (perguntei, estupefacta e com a minha habitual cara de bunda)
- É. (disse ele com a cara mais natural do mundo, como se fosse normalíssimo)
- Ooops... Bem... Acho que não vai dar... Eu preciso ir para o hotel agora. A gente se vê por aí...

E fui embora. Ai, essas diferenças culturais acabam comigo... Eu ainda sou do tempo em que para ver a minha perereca precisa de, pelo menos, jantar e cinema.

É baby, sou "old school".

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Genebra

Estavam num bar em Genebra um francês, um alemão, uma italiana, um inglês, uma portuguesa e uma brasileira... Tá, eu sei que parece começo de piada, mas aconteceu mesmo... E a brasileira era eu!

Desculpem ter me afastado do blog, mas a verdade é que me afastei do país. Passei 3 dias na Suíça numa formação do trabalho. Foi maravilhoso! Amei a cidade. E andar de sobretudo preto pelas ruas sentindo aquele friozinho, sentar num café e ver as pessoas, dizer "Bonjour" e "merci", ai...

A cidade das Nações Unidas, da Cruz Vermelha, do Rolex, do fondue e do chocolate é das coisas mais bointinhas que eu já vi. Não tem nenhum monumento gigantesco, um "must see", mas a cidade toda é a atracção turística. As ruas limpíssimas, arborizadas e a única coisa que você vê no chão são as folhas que caem por causa do outono.

Hummm.... Se eu seria capaz de morar lá?! Acho que não. Eu gosto mais da badalação de Roma, do povo na rua de Sevilla e do burburinho de Lisboa. Genebra é boa para descansar da cidade grande.

Cheguei em casa gripada por causa do frio que apanhei. Como tive tempo livre, fiz um filmezinho com as fotos.