O que se dá presente a alguém quando se vai a uma despedida de solteiro? Coisas de sacanagem, claro!
Munidas deste espírito jocoso
(jocoso... Uatafóc! De onde eu fui desencantar essa palavra?!), eu e a minha amiga inseparável fomos procurar um presente. Mas não queríamos uma coisa que tivesse aquele ar “trash” de sex shop barata. Queríamos alguma coisa que pudesse efectivamente ser usada e dar alguma diversão aos recém casados.
Foi então que ela se lembrou do anel vibrador. Ah, tem tudo a ver. Anel, casamento, despedida de solteiro... Brilhante!
Antes que eu me esqueça, vocês sabem o que é isso? Se não sabem eu explico. É um dispositivo
(dispositivo... Nossa! Será que eu engoli um dicionário hoje?!) em latex, em forma de anel e com um mini vibrador na ponta. Aí você pega o anel e coloca na base do bilau e liga o bicho (o vibrador, não o bilau). Aí o vibradorzinho faz o trabalho e... Tcha-ram! Temos uma mulher feliz! Quer dizer, não é tão simples assim! O meninão tem que trabalhar também, né?! Afinal, uma só andorinha não faz verão.
Aqui isso se vende na farmácia. E, por mais desencanada que eu seja, sempre pinta uma certa vergonha de entrar na farmácia e pedir um vibrador, assim na cara de pau. Entramos na primeira farmácia e a funcionária era novinha e simpática. Riu-se com o nosso pedido mas disse que não havia porque já estavam esgotados. Gente, já viram a procura que isso tem para chegar a esgotar?!
Fomos na farmácia seguinte. Era um homem na faixa dos 30 a atender:
- Vá, dessa vez pedes tu.
(Disse eu)E ela, com a subtileza de um coice de mula disse:
- Olá, nós queríamos um vibrador.
Eu corei até a raiz dos cabelos. O atendente olhou estarrecido. Ou melhor, extasiado. Eu pude sentir os pensamentos dele. Por dentro era como se ele estivesse gritando: “
E eu posso ficar a assistir?”.
Ao que eu acrescentei:
- Sim, mas é daqueles tipo anel. Para usar com um homem, sabe?!
Os olhinhos dele brilharam:
- Sua besta, agora ele vai ficar achando que é um convite!
(E ela falou tão baixinho que só mais da metade da farmácia ouviu)- Mas você disse só um vibrador. E não é bem isso que a gente quer.
- Ah, não interessa. Mas tem aí o troço ou não, moço?!
- Não... Infelizmente...
(E pelo tom de voz dele deu para ver que ele estava mesmo triste em não ter aquilo)
Terceira farmácia. A funcionária era uma senhora de cabelos grisalhos, pelo menos uns 60 anos. Depois do episódio anterior eu não ia deixar ela falar.
- Boa tarde, desculpa incomodar... Nós gostaríamos de saber se aqui vocês vendem daqueles anéis para...
- Vocês têm anéis vibradores?
(interrompeu a minha amiga)Pronto, pensei que a velhinha fosse desfalecer
(A-ham, comi sopa de letrinha hoje!) bem ali na nossa frente. E ela arregalou os olhos e disse:
- Claro! Nossa, isso tem tido tanta saída que eu resolvi experimentar e recomendo. É a vossa primeira vez?
- Er... Não é para nós.
- Isso é o que todo mundo diz. Agora vão dizer que é para presente.
- É... Pode embrulhar?
- Claro.
(E piscou o olho)Eu, particularmente, não acho aquilo muito sexy. Acho que o amigão fica estúpido com aquilo dependurado. Não é bonito de se ver. Bilau “versão terremoto” não entra na minha lista de fantasias sexuais. Mas tem gosto para tudo. E, pela reacção dos farmacêuticos, aparentemente o “bilau-parkinson” anda fazendo as delícias lusitanas.