O mundo hoje sofre de urgências. As pessoas querem amar, precisam amar. Nessa carência exarcebadada, acabamos caindo na banalização do amor. Você começa um relacionamento e ama. Arruma um novo amigo e ama. Vai comprar pão e ama. Ama tanto que já nem sabe mais a quem se destina tanto amor.
É nesse afã de amar tudo o que respira e mexe que se denota uma impaciência tão característica da nossa condição humana. Queremos um grande amor, já. Queremos para ontem o que temos medo de não ter jamais. Procuramos alguém que nos traga a pessoa amada em três dias. Em duas horas. No intervalo da novela. Enquanto a pizza não chega. Enquanto se esquenta a comida no microondas.
Já não sabemos esperar. Queremos fotos digitais que se vêem na hora. Internet mais rápida. Carros mais velozes. Fast food. Computadores mais eficientes. Tudo para ganhar tempo.
Mas... Tempo para quê?
Tempo para tirarmos mais fotos mais rápidas. Para fazermos mais downloads de filmes que não teremos tempo pra ver. Para chegarmos mais rápido e fazermos mais coisas simultaneamente, sem perda de tempo porque, como reza o adágio: "Tempo é dinheiro". Contudo, ao poupar esse bem tão precioso, perdemos a vida.
Perdemos as horas de ansiedade gostosa na espera de fotos por serem reveladas. Perdemos o borbulhar da água fervendo no fogão e o cheiro de refogado que inunda a casa. A riqueza de detalhes de um passeio a pé. O sabor da comida feita a partir do nada. Sobretudo, perdemos a beleza da conquista de um amor que, ao contrário de um pacotinho de miojo, não é instantâneo.
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