Começo o post me confessando. Há uns meses (dois, três... Ok, cinco) eu larguei o muay thai para me dedicar completamente à vida sedentária. A falta de tempo, dificuldade de encaixar na agenda os jantares com amigos e o com namorado sempre foram só desculpas para o único e verdadeiro motivo: preguiça.
Outro dia bateu aquela culpa. Saudade do fôlego que eu tinha no tempo do jiu jistu, do vôlei e do muay thai. Eu gosto de fazer exercício, me sinto bem. O chato é sempre começar.
Então decidi fazer o que qualquer monstro de sofá faz: resolvi começar a correr. Porque é barato, porque pode fazer-se em qualquer altura e lugar e, dependendo da sua determinação, pode fazer-se em qualquer condição climatérica. No meu caso chuva é desculpa para não correr. Bem como tempo meio frio, meio quente meio nublado, meio ventoso...
Eu já tinha tentado correr. Não deu certo. Quer dizer, falhou redondamente. Porque eu cometi o erro de todo principiante: simplesmente peguei no tênis, no mp3 e saí correndo desembestada pela rua. Ao fim de 3 minutos eu estava com dois palmos de língua para fora e respirando apenas com a ajuda de aparelhos.
Porque a gente acha que é simples, a gente aprende a andar, depois aprende a correr e parece que é uma coisa que fica para o resto da vida, que nem andar de bicicleta. Que é fácil botar o pézinho na rua e correr por uma hora seguida naquele passinho "eu corro todos os dias na praia beibe". Ledo engano...
Mas desta vez eu tenho um plano. Copiado descaradamente
daqui. É um plano para quem quer sair de casa e começar a correr. Eu comecei ontem. Trata-se de um plano gradual e bastante realista. O Objectivo ao fim de 10 semanas é correr 30 minutos sem ter um ataque cardíaco. Perfeitamente fazível.
A primeira semana é simples. Ou pelo menos, parece simples: 5 minutos de caminhada para aquecer e depois 6 séries de 1 minuto de corrida, intervaladas com 1 minuto e meio de caminhada. Para terminar, três minutos de caminhada.
O aquecimento foi fácil. Apesar de sedentária, eu consigo andar cinco minutos sem morrer. Depois veio o primeiro minuto de corrida passou bem. Deu para ofegar um pouquinho, devido aos meses a fio sentada no sofá.
Minuto e meio andando. Beleza, ainda consigo sorrir, fresca e bela.
Segundo minuto de corrida. Porra, Isso é uma câimbra na minha perna? Respira, relaxa, não para... É só um minuto. O que se faz em sessenta segundos? Mas espera, ainda falta metade e minha perna não para de doer... Respira, 5 segundos faltando... Ok, minuto e meio de caminhada, esticar as pernas. Aproveitar.
Nossa, esse minuto e meio passou tão rapido... Terceira corrida. Já estou suando. O que??? Só passaram vinte segundos??? Arrrffff
Afinal quanto tempo demora a passar um minuto? É o tempo que você gasta na fila para comprar café. É metade do tempo de um xixizinho no intervalo do cinema, é o tempo de pronunciar supercalifragilisticexpialidocious. Era para ser mamão com açúcar. O que está acontecendo?
E mal parei já veio a quinta corrida. Perguntaram se eu estava bem, não tive fôlego para responder. Foi aí que eu aprendi física. Einstein, eu entendo agora como tudo é relativo. Como um minuto pode durar bem mais do que minuto e meio.
Última corrida. Alguém trouxe a bomba de oxigênio? Porque as minhas pernas se recusam a colaborar? Porque está todo mundo olhando para mim? Será que eu desmaiei?
Não, sobrevivi. Meio mancando, meio morta, completamente sem ar. Amanhã tem mais.