terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Rua da Saudade

Às vezes tenho noites de nada para fazer. Ainda mais agora, com a proibição dos downloads, me pego sem nenhum episódio das minhas séries para assistir. A televisão não ajuda e confesso que tenho tido alguma falta de motivação para a leitura.

Os amigos até chamam para sair mas, sabe aqueles dias em que é gostoso ficar em casa? Não, não é tristeza e nem sempre é cansaço. Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de sair. Mas, quem me conhece de verdade, sabe também o quanto eu gosto de ficar no meu cantinho.

Nessas noites o único passeio que eu dou é pela Rua da Saudade quando, entre Hey Jude e  Stairway to Heaven, eu abro pastas antigas da minha vida, armazenadas toscamente em forma de zeros e uns. Aí moram amigos com quem eu perdi o contato por desleixo ou simplesmente porque a vida nos levou para lugares diferentes.

Revejo ex-amores aqui e uns casinhos sem importância acolá. Passo em silêncio por eles. Me pergunto como estarão, se continuam sendo os mesmos babacas de antigamente ou se... Abano a cabeça e afasto esses pensamentos. Sigo em frente porque é para lá que a vida caminha.

Chego ao meu lugar preferido: a esquina das viagens. Relembro a vez que dormi na porta de uma igreja em Madrid porque não sabia que o estacionamento fechava após a meia noite. O cheiro enjoado dos coffee shops de Amsterdam e do cara que me pediu em casamento após uma conversa de meia hora. O frio de Berlim. A minha incursão pela "sopa dos pobres" em Genebra e a épica viagem rumo à Tomatina: sem hotel, sem ideia de onde ficar e sem um banheiro. Foi aí que eu virei hippie.

Ah, sim, claro! Os monumentos. Mas nem é tanto por ter visto a Monalisa assim, de "pertinho" - separada apenas pelo vidro, pelo cordão de segurança e pelos setecentos e trinta e oito turistas japoneses que se acotovelavam para tirar fotos sem olhar diretamente para ela uma única vez. É por estar lá e por ser das pessoas que pode se gabar de ter visto o quadro gigantesco na parede oposta à obra do Sr. Da Vinci. Nem foi tanto por ver a Torre Eiffel, mas sim pelo que eu ri sozinha quando eu descobri que tinha comprado o bilhete errado e teria que subir a bagaça toda a pé. E a soneca que eu tirei por baixo da torre, depois de descer.

Mais do que o que eu vi, gosto de lembrar o que senti. E esses passeios pela memória me fazem um bem danado. No entanto, não me posso prender apenas a isso. Porque bem que dizem que recordar é viver. Mas é preciso viver para recordar.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Arte de Marinheiro


Para manter um amor são precisos nós.
Nós simples, sem complicações.
Amarrados com naturalidade.
Nós fortes e seguros, sem pontas soltas.
Nós enrolados um no outro, mas sem enrolação.
Nós para resistir ao tempo e às tempestades.
Nós que ninguém separe.
Nós unidos um no outro.
Nós dois.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Privacidade

- Eu tenho que começar a tomar sol sempre com o mesmo biquini. Estou a começar a ficar com várias marcas esdrúxulas diferentes.
- Verdade.
- Se eu pudesse eu faria era topless, para acabar com essas marcas todas.
- Ué, e por que não faz? Você está em casa, não tem vizinhos que possam ver...
- É. Tem razão.
(Tira o biquíni timidamente)
- Ana...
- Que foi, mãe?
- Não é topless se você ficar cobrindo os peitos com as mãos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

6 meses depois...


... eu continuo achando essa sensação de estar em casa a coisa mais deliciosa do mundo!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

- Eu não entendo quem ainda usa o Hotmail como e-mail principal.
- Provavelmente são as mesmas pessoas que usam o Internet Explorer como browser.
- Então gente, o amigo oculto vai ser assim: cada um traz um presente e a gente tira os nomes na hora.
- E qual é o valor?
- Até 10 Reais. O que vocês acham?
- Legal. Mas e como a gente vai saber o que comprar?
- Tem que comprar uma coisa genérica, um presente bissexual.
- Bissexual?!
- É. Que dá para homem e para mulher.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

M.

Eu vou lembrar sempre de você com a lágrima mais alegre e o sorriso mais triste. Doeu a sua partida. Ainda está doendo. O ano, que mal aprendeu a engatinhar, já me levou o sabor do teu corpo e trouxe o amargo da saudade. Ainda assim continuo sorrindo. Porque você me puxou do precipício do não sentir e me trouxe de volta a vontade de ficar. Mesmo sabendo desde o começo que não seria para sempre, você me fez confiante para largar as amarras me permitir a entrega.

Você devolveu minhas asas em madrugadas de sol. Me enxergou. E eu, refletida nos seus olhos, me enxerguei também. Mudou o rumo da minha trilha sonora. Desde que eu te conheci que não paro de ouvir Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz. Suave, leve e florido, como todas as coisas que fizemos. Enchemos nossas memórias com os melhores clichês. Povoamos as noites com música e dança. Mesmo as noites de chuva. Especialmente as noites de chuva.  Principalmente debaixo daquela chuva, em que você me segurou quando o céu se vestia de todas as cores.

Enquanto o mundo brindava um recomeço, eu transbordava felicidade pelos olhos, já que só o sorriso não era mais suficiente. Porque com você, todos os momentos foram um recomeço. Feliz dois mil e doce.



Destilando um veneninho básico, porque ninguém é de ferro:

- Ele faz mesmo o tipo dela: é loirinho, bonitinho e está ficando com outra pessoa.

domingo, 1 de janeiro de 2012

A gente faz um sacrifício danado nessa vida. Vai trilhando o nosso caminho na marra, no grito, no sufoco... Não é fácil, e a recompensa nem sempre é imediata. Mas o engraçado é que existe até quem, dia após dia e contra todas as expectativas, continue com essa mania absurda de ser feliz apesar disso. Ou será por causa disso?

Recomeço

- Olha, quer saber? É ano novo e eu tô feliz pra caramba. Não sei se é da festa, dos fogos, do álcool ou do clima... Então, que se foda! Eu te amo.