sábado, 30 de janeiro de 2010

Voltando

Gente, eu tô voltando. Eu juro que o blog não foi para o espaço. Mas recompor-me levou seu tempo. E, verdade seja dita, eu sempre fico sem jeito de escrever depois de colocar um texto como o anterior.

É que parece que falar do meu novo baton vermelho, da minha teoria sobre sobrnacelhas, do novo bofescândalo ou de qualquer outra coisa mais leve, vai tirar solenidade ao que se passou. Daí a ausência prolongada.

Mas aos poucos a programação volta ao normal. Enquanto isso, eu vou aproveitar os meus 15 segundos de fama que (mais) uma reportagem sobre a Roda de Choro me trouxe:


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Estrela no País das Maravilhas

"Mas, quando o Coelho tirou mesmo o relógio do bolso do colete, viu as horas e continuou o seu caminho todo apressado, então é que Alice se pôs de pé num salto, pois de repente passou-lhe pela cabeça a ideia de que nunca tinha visto um Coelho de colete, com um relógio de bolso".

Isso é porque Alice nunca morou aqui em casa. Caso contrário, já teria presenciado um coelho usando óculos escuros, chapéu de cowboy, gorro de Papai Noel, entre outras coisas que essa dona tosca que vos fala achou que ficaria bem num bichinho.

No entanto, e como o Coelho Branco, Estrelinha também tinha pressa. "Tempus fugit", o tempo foge, não é assim que se diz? Quando se vê passaram quatro anos. Quando se vê, aquele coelhinho que ainda é pequenininho nos teus braços (porque afinal, não deixa de ser um coelho anão) já é velhinho.

E ele foge. Irreversivelmente o tempo foge. Quando se vê, numa sexta-feira, que não foi treze mas bem poderia ter sido, a Estrela que brilhava na minha casa, resolve que é hora de brilhar no Céu.

Essa é a pior parte. Porque sabem de uma coisa? A despedida dói. Dói mesmo, de chorar, espernear e de querer que alguém diga que vai ficar tudo bem.

Mas não fica. Porque chegar em casa e vê-la verdadeiramente vazia é ruim demais. É o gosto amargo que fica na boca. Arrumar a gaiola que não vai ser mais usada, a água que ficou por beber, o resto do feno, a areia para o fundo da gaiola. Tudo que fazia sentido quando tinha uma Estrela em casa.

É difícil desabituar da rotina. Controlar o impulso de olhar para aquele canto da casa e esperar um olhar de volta. Saber que eu vou dormir a manhã de sábado toda porque não vai ter ninguém na sala derrubando as garrafas do móvel para me acordar em sobressalto. Que eu não vou me atrasar para o trabalho porque estive correndo atrás do bicho que não queria, por nada desse mundo, entrar na gaiola.

É um azedo inexplicável. Um nó na garganta que só o tempo consegue desfazer. Mas que vinca o tecido. Porque há coisas que nunca vão embora, você apenas meio que se acostuma a viver sem elas.

Talvez seja isso que os entendidos chamam de saudade. Mas para mim, agora saudade é assim:

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Mala pronta

- Não se esqueça de guardar as calcinhas.
- Já estão.
- Uma vez, só quando eu cheguei no hotel é que eu dei conta tinha esquecido o saco com as calcinhas em casa.
- Não, já está aqui.
- E pijama, tá levando?
- Só um, vou passar pouco tempo.
- O das nuvenszinhas?
- É.
- Não gosto muito desse... Enfim... E pasta de dente, escova, essas coisas?
- Também.
- Remédio pra dor de cabeça, pra enjôo? Olha que você enjoa na estrada.
- Sim.
- O hotel tem toalha?
- Acho que sim.
- Melhor levar...Vai que não tem...
- Tem razão. Vou pegar.
- E não esquece de levar chinelos!
- Ok.
- Ah, e carregador de celular, baterias para a máquina, mp3... Tá levando?
- Sim, tenho tudo isso. Tirando meu coração que está contigo, tenho tudo.

Por aqui

Eu não me fui embora para a Pársagada, não.

Também nem é falta de inspiração. É só cansaço. Tenho uns textos "na gaveta". Muitos são só começos de texto. Outros são meios. Porque tem coisas que a gente começa pelo meio pra terminar no começo. E tens uns que são só ideia ainda.

Mas é falta de tempo pra trabalhar nas coisas. E não falo de ter uma hora de bobeira. Tem que ser "aquela hora". E agora, quase fechando os olhos de tanto sono, não é uma boa hora. Só que ficar uma semana longe daqui me incomoda.

Esse blog tem uma familiaridade estranha. Sou eu, que se transforma em outra e escreve, que se transforma em ouvidos e que vira desabafo, que fala do dia-a-dia com uma banalidade quase infantil e que vem aqui conhecer-se. Porque eu escrevo por um imperativo de ordem biológica, mais que por qualquer outro motivo.

E agora que eu já me justifiquei, eu vou dormir. Porque essa vida boêmia de sair a meia da semana e acordar cedo pra trabalhar está acabando comigo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ciúme, esse incompreendido

Ainda outro dia eu estava falando sobre ciúme. Mentira, eu tive essa conversa hoje. Só que achei que começar com "ainda outro dia" era mais charmoso. Enfim, continuemos.

Acho engraçado como as pessoas se enchem de orgulho ao declararem que não são ciumentas. Pois bem, eu encho o peito para dizer exatamente o oposto. Sou ciumenta sim senhor!

O ciúme deve ser, provavelmente, o mais incompreendido dos sentimentos. Mas sentir ciúme é tão natural como ficar alegre, ter fome ou sede. Ciúme é a defesa do território. Porque, antes de tudo, nós somos bichos. E esse sentimento nada mais é que uma resposta animal a um estímulo exterior.

Todo mundo que já tentou mexer na comida de um cachorro enquanto ele está com o focinho na tigela sabe que ele vai rosnar, como que dizendo: "fica na tua que isso aqui é meu!".

O ciúme é essa coisa que nos rói por dentro. E rói mesmo. Por algum motivo essas "coisas" se chamam sentimentos. É porque a gente sente mesmo. Tristeza realmente dói no peito, susto causa falta de ar, raiva ruboriza a face e o ciúme... Bem, o ciúme é azia. Aquele mal estarzinho que mói e faz franzir a sobrancelha, cerrar os dentes e... rosnar! É instintivo.

Chico Buarque, que tem todo o meu respeito e admiração, entende bem dessas coisas e defendeu a nobreza do ciúme em "Leite Derramado":

"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo mal fermenta."


O problema é que muita gente não sabe diferenciar o ciúme da paranóia. E olha que a diferença é simples. Ciúme é ver o mais-que-tudo conversando com aquela oferecida e tascar-lhe um beijão daqueles de tirar o fôlego (no maís-que-tudo, não na oferecida!). É a marcação do território. Tão natural (mas bem menos nojenta) que quando Estrela Regina resolve fazer xixi nos cantinhos da casa para mostrar o que (ela acha que) é dela.

Paranóia, por sua vez, é encher a cabeça do benzão, achando, desconfiando, supondo, que ele já pegou a mulher em todas as posições possíveis.

Ciúme é não gostar do que se vê. Paranóia é ver o que não existe.

Por isso eu continuo defendendo a minha bandeira. Sou da escola do "quem gosta cuida" e sou ciumenta sem qualquer pudor nisso. Nada dessa coisa de mulher mega moderna, desapegada e que não está nem aí. Não faço esse gênero super mulher e me contento em ser meramente... humana!

Dance like no one's watching

Sabe quando você lê uma coisa que parece que dá um "clique" dentro de você? Pois bem, isso aconteceu quando eu li esse texto. Tanto que eu tomei a liberdade de o traduzir aqui, da maneira que eu o entendi.

Eu sei que vai parecer aquelas coisas que você recebe num powerpoint com imagens de flores e tocando "Aleluia" no fundo. Mas... E daí?


Dance como se ninguém estivesse olhando:

Nós nos convencemos que a vida será bem melhor depois de casarmos, termos um filho, ou qualquer outra coisa.

Depois ficamos frustrados quando as crianças não têm idade suficiente e que ficaremos mais contentes quando elas chegarem lá.

Depois nos frustramos por ter de lidar com a adolescência. E nós certamente seremos mais felizes quando eles saírem dessa fase.

Dizemos a nós mesmos que a vida será mais completa quando a nossa cara metade resolver os seus problemas, quando tivermos um carro melhor, quando pudermos ir numas boas férias, quando nos aposentarmos.

A verdade é que não existe melhor hora para ser feliz do que agora.

Por que se não for agora... Quando?

Sua vida vai ser sempre cheia de desafios. É melhor aceitar isso e resolver ser feliz de qualquer maneira.

Uma das minhas citações favoritas é de Alfred D Souza:

"Por muito tempo pareceu-me que a vida estava prestes a começar. Mas haviam sempre obstáculos no caminho, alguma coisa que tinha que ser resolvida primeiro, alguns assuntos por terminar, tempo para ser cumprido, dívidas por pagar. Só então a vida começaria. Por fim enteni que esses obstáculos eram a minha vida."

Essa perspectiva me ajudou a ver que não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.

Dessa forma, valorize todos os seus momentos. E valorize mais ainda por tê-los partilhado com alguém especial, especial o suficiente para você ter passado o seu tempo... E lembre-se que o tempo não espera por ninguém.

Portanto pare de esperar até que você termine a faculdade, ou que volte a estudar. Até perder cinco quilos, até ganhar cinco quilos. Até ter filhos, até que seus filhos saiam de casa. Até que você comece a trabalhar, até que se aposente. Até que se case, que se divorcie. Até sexta à noite, até domingo de manhã. Até que você tenha um novo carro ou casa, até que a casa ou o carro estejam pagos. Até a primavera, até o verão, até o outono, até o inverno. Até ao dia 1 ou dia 15. Até que toque a sua música. Até que você tenha bebido, até que tenha ficado sóbrio. Até que você morra... Até que nasça de novo para decidir que não existe tempo melhor que agora para ser feliz.

A felicidade é a jornada, não o destino.

Então pense nisso:

"Trabalhe como se não precisasse de dinheiro, ame como se nunca tivesse se magoado e dance como se ninguém estivesse olhando".

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Choro é bom demais!

Tem gente que vai pra missa todo domingo e reza o terço. Eu, da minha parte, confesso que não entendo muito de terço, mas entendo de terça. E as melhores terças-feiras de Lisboa são passadas no Lusitano Clube, em Alfama.

Eu me apaixonei pela Roda de Choro desde a primeira vez que pus lá os pés para dançar, em Julho. Não há nada que me prenda em casa numa noite de terça-feira. Posso estar ruim da cabeça ou doente do pé, mas ali cura-se tudo. Quem disse que "quem canta seus males espanta" é porque nunca experimentou dançar.

Não sei explicar direito, mas todas as terças eu exorcizo tudo de ruim entre música, o suor e os amigos. Não tem problema que resista a um Choro, nem tem preocupação que fale mais alto que o "shake da anca".

Como uma imagem vale mais que mil palavras, eu deixo vocês com três minutos e meio de uma reportagem feita pela Paulinha,amiga e jornalista super talentosa.

Sério gente, assistam esse vídeo, mais especificamente os últimos 30 segundos. E se quiserem um autógrafo da gostosa da cena final, já sabem... Eu só assino partes do corpo!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ao ano novo

Oi ano novo, tudo bem?

Eu vim aqui porque eu precisava conversar. Na verdade até nem era com você que eu queria falar. Só que, ao que parece, está todo mundo ocupado demais curando ressacas. Eu não. Dessa vez me comportei lindamente!

Primeiro porque eu fiquei até a meia noite na casa dos meus pais. Essa é a minha única tradição de ano novo. Eu nem como as uvas, não faço desejos, não pulo com o pé direito e nem uso calcinha nova. Mas o primeiro brinde, os primeiros beijos e os primeiros abraços são destinados aos meus "mais que mais que tudo".

E beber na casa dos pais não rola. Não é que eu não possa ou tenha vergonha. Simplesmente parece que não tem graça. Até o meu amado vinho verde perde todo o gosto quando é mamãe que me serve um copinho.

Ah, isso sem contar que o meu fígado não fala comigo desde terça-feira por causa daquela bebida romena que eu ingeri. Mas não vamos tocar nesse assunto, combinado?

Então fiz o brinde com champanhe e tomei duas cervejinhas só pra constar. Mas, como eu me divirto mesmo sóbria, a noite foi um show. Teve banho de chuva, teve baby-sitting a bêbados, teve espanhol tocando bossa-nova, música africana, karaoke, É o Tchan, teve sorrisos, gargalhadas, abraços (muitos abraços) e fechou com um café da manhã ao nascer do sol.

É ano novo, você chegou causando. Se todas as noites forem como as de ontem então eu vou ter que pedir muitas desculpas pelo trocadilho infame, porque você vai ser 10!