terça-feira, 9 de agosto de 2011

20 anos

Andando por algumas ruas lembrei de você. Parei em frente à sua janela, mesmo sabendo que há muito tempo que você não mora lá. Queria te encontrar. Primeiro nos estranharíamos. Você com certeza iria lembrar de mim. Todo mundo diz que a minha cara não mudou muito. Trocaríamos exclamações. "Nossa! Como você cresceu!", "Você continua igualzinha!", entre outras coisas que se dizem quando você revê alguém passado muito tempo.

Como passou rápido... É clichê dizer isso, mas parece que foi ontem. Tenho saudade das nossas brincadeiras, do tempo do colégio, das férias no sítio da vovó... Sabe que eu fui à nossa antiga escola e a freira ainda lembrava de mim? É muito bom olhar para trás e ver tanta coisa boa!

Eu cresci. Bastante. Acredito que você também. Mudei muito. Algum dia você iria acreditar se eu te dissesse que o meu guarda-roupa está cheio de vestidos?! E lembra que você queria tanto um irmãozinho? Veja só, eu hoje tenho cinco. Engraçado, né? A vida dá tantas voltas. A gente tem que ter muito jogo de cintura para não dançar de vez.

Por falar em dançar, eu aprendi a sambar. Lá fora todo mundo acha que brasileiro já nasce sabendo, mas foi depois de muitos anos parecendo um macaquinho com espasmos que finalmente aprendi a dar uns passos certos. Foi assim na marra, na força de vontade. Do mesmo jeito que você aprendeu a andar de bicicleta. Você insistiu tanto para eu andar e me fez cair trocentas vezes até eu aprender.

Quando eu completei os meus vinte anos eu lembrei que a gente achava que com essa idade seríamos extremamente adultas, maduras e bem resolvidas. Não contei para ninguém que a gente pensava isso. Até porque eu não me sentia minimamente adulta. Muito menos bem resolvida! Lembra aquelas brincadeiras que a gente fazia na última folha do caderno da escola, para descobrir com que idade a gente iria casar, quantos filhos íriamos ter e todas essas coisas que nos fariam mulheres realizadas? Lamento querida, não deu certo. Eu não casei aos vinte anos. Para falar a verdade, o casamento há muito que já não se inclui nos meus planos. Também não tive as quatro filhas com aqueles nomes que a gente tinha combinado.

Para compensar eu tenho uma gata, a Napoleona. Você iria adorar conhecê-la. Minha mãe, que não permitia bichos em casa, hoje tem dois cachorros.

Falando assim é que eu vejo quanta coisa a gente tem para pôr em dia. Eu queria ter te dito muita coisa. Queria poder ter te aconselhado na escolha da faculdade, dos empregos. Queria poder ter dito para você ir com calma e não se envolver com "esse" ou "aquele" babaca. Porque eu já passei por isso e sei que dói muito quebrar a cara. Queria poder evitar que você passasse pelo mesmo. Mas seria inútil. Errar é uma parte essencial da vida.

A verdade é que aprender a relacionar-se é como aprender a andar de bicicleta. Você precisa cair para saber que o chão é duro. Para entender que ter equilíbrio é importante mas que, se cair, tudo bem. Do chão não passa e não existe remédio senão conseguir levantar-se e continuar pedalando.

Por isso pedale, sinta o vento na cara, aproveite. Você ainda tem muito chão pela frente.

1 comentário:

Aline Monteiro disse...

Como curto teu blog, mulher de Deus! =)