Nem eram tanto os teus livros, mas era porque você tinha sempre que levantar para buscar os óculos de leitura. Eu nunca te disse, mas achava tua miopia um charme! Loucura? Talvez, mas a paixão tem dessas coisas. E nem foi por todos os enlatados que vimos na televisão, mas pelo conforto do teu colo enquanto os assistíamos. A tua mão segurando na minha e me impedindo de tapar os olhos nos filmes de terror. E lembra quando eu adormecia no sofá da sala e você me acordava para ir para a cama? Lembra de como eu resmungava o caminho todo? Sempre admirei a tura paciência comigo.
Até hoje rio sozinha com a tua cara de nojo quando me via tomando leite condensado directamente na lata. E como você ria por eu usar as meias do avesso. Em troca eu ria da tua organização excessiva, quando eu sempre fui excessivamente bagunçada. Porque nem era pelos sapatos que você me deu, mas pela forma que você tropeçava neles quando estavam espalhados pelo chão do quarto.
Tenho saudade de brigar para saber quem ia tomar banho primeiro quando nenhum dos dois queria sair da cama. Depois nos vestíamos às pressas porque teus pais nunca gostaram dos nossos atrasos. Ainda lembro da tua cara quando você via que eu tinha comido o último pedaço do bolo. E de como eu pedia desculpa e fingia que tinha sido sem querer. E de como você fingia que acreditava. Eu gostava dessas pequenas zangas. Das nossas pequenas implicâncias. Lembra como era gostoso dizer “eu te odeio” em vez de “eu te amo”? E que as vezes gritávamos um com o outro?
Sinto falta dos risos. Não das gargalhadas, mas do sorriso cúmplice de quem não precisa dizer porque já falou com o olhar. Ah... Como a gente se conhecia tão bem... Você conhecia aquela “covinha do sorriso escondido” e eu os cantos da boca quando querias contar uma mentira. Éramos maus mentirosos um para o outro porque conhecíamo-nos bem demais. Lembro também de quando me dizias que eu só estava a sorrir com a boca, mas não com os olhos.
Sabe, também sinto saudade das tardes de sábado e das manhãs de domingo. Daqueles dias que ficávamos em casa dando uma de “bicho-preguiça” e morríamos de tédio juntos no sofá. E morríamos de amor juntos no sofá. Mas nem era que passássemos muito tempo juntos porque a maior parte das vezes não fazíamos a mesma coisa. Sabíamo-nos ali. Éramos presentes. E era isso que importava.
Tudo isso com que eu e você fôssemos “nós”. Não eram as paredes nem os móveis, nem os talheres ou o jogo de cama que teu avô deu. Eram esses momentos. Porque talheres e lençóis continuam a ser diariamente usados. Os móveis estão aí. As paredes permanecem. Nós não.
Quando estamos sozinhos, somos pela metade.
Quando somos dois, somos um.
Quando deixamos de ser um dos dois,
Não somos nem a metade que começamos a história.
Quando somos dois, somos um.
Quando deixamos de ser um dos dois,
Não somos nem a metade que começamos a história.
Fabrício Carpinejar
15 comentários:
Que texto bonito...
É, também sinto saudades dos bons momentos que passei (no msn, mas foi bons momentos) com uma amiga minha...
Pena que essas coisas costumam acabar.
Nossa excelente texto. Parabéns.
é... acontece...
po ta sentindo falta dele, prometo q naum te acordo no sofá, mas te levo no colo pra vc naum reclamar ta? rsrsrs .
o texto ta lindo assim como seu sorriso no topo, o texto e o sorriso ta bem conquistador heim rsrsrs. ops desculpa, naum vale isso em comentarios, mas faz parte do texto uai
------------------------
alias eu tenho um q fiz em homenagem a uma ginasta. Gostaria de trocar links com vc pra por nele, ja q seria bem interessante. aceita?
o blog dela é http://bloguinhodajade.blogspot.com
toda separação doe , seja ela por morte, difereças,ou mudança...
amei seu texto moça...
[]s L.sakssida
Belo texto!! A separação é sempre assim, dolorida, machuca.
Vc tem muita sensibilidade.
adorei o texto =]
Sou míope e paciente sabia?
E por falar em saudades...
Esse é um dos textos mais lindos em homenagem aos dias de convivência. Simplesmente se eu fosse um ex teu voltaria correndo para seus braços, pro sofá, para o nojo da boca na lata, mas te daria um cascudo se comer novamente o último pedaço do bolo.
hm, fazia tempo que não vinha aqui.. ótimo texto, supersimpático... é lê-lo e viajar mentalmente... bateu-me um grande sentimento de nostalgia também, das coisas simples e boas da vida. Por que elas têm que acabar?
neste mundo tumultuado em que vivemos um pouco de romantismo sempre � bem vindo mesmo que haja um pouco de sofrimento.
parab�ns pelo blog.
abra�o.
Doeu só de ler.
Saudade é uma coisa inexplicávelmente chata.
=/
Sempre sentimos falta das coisas mais simples mesmo! A vida é assim simples e gostosa!
Lindo texto!
Bjos
Kemp
Eita!!!
Que texto odioso!!!!!
hehehe
Faz a gente sentir falta de algo que foi seu... ou será que....
Pronto... vou pra cama me aquietar um pouco.. quem sabe, passa!
*PS: e o poema é lindo tbm!
Oi Ana, sou eu do Blog !oohaY, estou tendo problemas com o servidor do blog, por isso criei o Planeta Web, onde vou escrever sobre Tecnologia, Internet e blogosfera e já te linkei por lá, se puder me linkar aqui ficarei feliz.
Um beijo e adorei o novo template com a sua foto!
Oi Ana
Fazia um tempinho q eu não entrava aki e muito bom esse seu texto .
Tenho q falar q morri d rir com todos os post anteriores, principlamente o do tarado lá, muito bommmm, cada doido q as vezes aparece .
Ah o template tb tá muito legal, e eu acho q vc deveria incluir na sua listinha sobre vc :
Não sei s combina com vc mas combina comigo . SOU LEGAL, NÃO TÔ T DANDO MOLE, homens , meninos , garotos nãom sabem diferenciar isso .
Bjao
Enviar um comentário