segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Gentileza

Daí que ontem a noite se estendeu para um forrozinho no Bairro Alto. O forró tem lugar no Clube Rio de Janeiro, local onde, durante a semana, se realizam aulas de dança. Por isso, no domingo, os alunos aproveitam para botar os conhecimentos em prática.

Eu, que nunca fiz uma aula de dança, acabei não ficando lá muito tempo. Apenas tempo suficiente para ter a certeza que eu não sei dançar forró. Fiquei então relegada num cantinho observando as pessoas dançarem. Isso até aparecer um cara e perguntar as horas, tudo bem normal.

- Que bom, ainda dá para dançar mais um pouco antes de apanhar o trem.
- Trem pra onde? (Gente, como eu sou curiosa!!!)
- Para Oeiras.
- Isso é no caminho da minha casa...

... E antes que eu pudesse pensar no que ia dizer, simplesmente continuei falando:

- ... Você quer carona?
- Beleza!

Ele voltou a dançar e eu me voltei para os meus amigos. Porque logo a seguir eu caí em mim. Não sei se foi o vinho, o hábito de oferecer carona para os amigos ou simplesmente o facto de odiar dirigir sozinha de madrugada.

- Cara, será que eu tenho bosta na cabeça?? Como é que eu ofereci carona para o cara assim... do nada??
- Ah... É porque você é simpática.
- Tá, mas e se o cara é um seria killer, ou se quiser me estuprar... Ou pior ainda: se achar que eu estou a fim dele?? (Tenho que rever as minhas prioridades...)
- Mas agora já está feito. Não vai voltar atrás, né?

É. Não voltei atrás. Só que, passados uns 20 minutos, eu vi o sujeito pegando o casaco indo embora. Ao que parce não fui só eu que me espantei com o meu excesso de simpatia. Talvez ele tenha achado que eu era uma serial killer, ou que o fosse estuprar, ou pior... Que quisesse dançar com ele e pisar-lhe os pés.

Agora aprendi: dizer as horas pode. Dar carona, não. Acho que passamos da época da simpatia. Porque se antigamente se dizia que "gentileza gera gentileza"... Hoje assusta!

5 comentários:

Alexandre de Freitas - graduado e pós-graduado em ciências humanas. disse...

Excelentes escritos!
O An@Lu por ela mesmo ficou fantástico.
Alexandre de Freitas

Lari Bohnenberger disse...

É!
O mundo tá violento que simpatia é sinal de perigo, nos dias de hoje.
Bjs!

Francis Martin disse...

Ana,

Realmente hoje em dia o risco é real. Quantas vezes eu sonhei em fazer uma viagem como as personagens do livro On The Road,de carona, mas atualmente é impossível.

Bye

Anónimo disse...

Analu,

grannnnnnde maluca mesmo!! eu teria praticamente fugido sem sequer responder às horas ...
LOL

bijinho* e boa semana

Lari Bohnenberger disse...

Selinho pra vc lá no blog!