domingo, 25 de julho de 2010

Encontros imediatos de 3º grau

Já há muito tempo que eu não me envergonho aqui no blog, não é? Mas não é que eu tenha perdido o dom de me meter em situações patéticas, é só que faltava tempo e inspiração para contar. Essa história é velhinha, do ano passado, mas outro dia me peguei dando muita risada ao contá-la a uns amigos.

O que aconteceu foi o seguinte, eu estava saindo com um cara... Oh, sim, tinha que ter um "cara" no meio da história. E agora vocês já devem estar se perguntando qual era o defeito que esse tinha. Calma gente, defeito ele tinha, mas até nem é relevante para a historia.

Como ele morava no centro de Lisboa, ele frequentemente me chamava para dormir na casa dele, para eu não ter que ir para casa e dirigir com sono a altas horas da madrugada. Ele era uma alma caridosa que zelava pelo meu bem estar. O programa era o típico jantar + balada ou jantar + cinema. Resultado, a gente sempre chegava na casa dele por volta das três, quatro da manhã.

Como ele dividia o apartamento com uma mulher, eu sempre tive o cuidado de fazer o mínimo de barulho possível para não incomodar. Mamãe me deu educação, viram? Nós chegávamos, tomávamos banho - um de cada vez porque o quarto dela era do lado do banheiro - e depois íamos dormir.

Ela sempre saía para o trabalho antes da gente acordar. Ou seja, mesmo tendo dormido lá umas 7 ou 8 vezes, nunca tinha encontrado com a fulana. Não é que eu me incomodasse com isso. Ok, incomodava um pouquinho. Porque é estranho você estar na casa de outra pessoa várias vezes sem nunca a ter visto.

Aí um dia voltamos de não sei onde e eu fui tomar banho primeiro, como era costume. Fechei a porta e, só depois de estar dentro do chuveiro, pronta para sair do banho, me dei conta que eu tinha esquecido de levar a toalha.

Eu não ia gritar pelo fulano. Como eu falei, tínhamos que ser silenciosos para não acordar a companheira de casa dele.

"Não há problema! Eu sacudo o corpo um pouco para tirar o excesso de água e dou uma corridinha até ao fundo do corredor", pensei eu.

Ia ser muito azar se a companheira de casa dele acordasse nesse exacto momento e desse de cara comigo correndo pelada pelo apartamento nos 5 segundos que separavam o wc do quarto do benzão.

"Vou arriscar."

Sequei os pés no tapete do banheiro para não correr o risco de escorregar e rodei a maçaneta para abrir a porta. Puxei a porta... E vocês agora se perguntam: o que aconteceu?

Nada. Nadinha.

A porta não abriu.

Rodei de novo a maçaneta. A porta não cedeu nem um milímetro. Ah claro, esqueci que tinha trancado a porta. Rodei a chave. Ou melhor, tentei rodar a chave. Ela não se mexeu.

Isso foi uma lição que eu aprendi para a minha vida, sabem? Quando você acha que estar num banheiro estranho sem toalha é ruim, a situação pode piorar. Porque você pode ficar trancada num banheiro estranho sem toalha.

Primeiro eu esperei pacientemente o fulano aparecer. Claro, ele ia deixar de ouvir o barulho da água a correr e viria para o banheiro tomar o banho dele. Só que (e agora entra a Lei de Murphy) foi justamente neste dia o bofescândalo bebeu um pouquinho a mais e apagou no quarto enquanto eu estava no banho.

Ao fim de uns 10 minutos - que do lado de cá da porta pareceram duas horas - comecei a chamar o nome dele baixinho, coisa que não se revelou muito eficaz.

Foi aí que me baixou o espírito MacGyver. Comecei a olhar em desespero à minha volta e procurar por coisas que pudessem servir para destrancar uma porta. Ou para fazer uma bomba, o que viesse primeiro.

A primeira ideia que eu tive foi besuntar a chave com sabão. Não sei onde eu fui buscar isso, mas pensei que a chave pudesse escorregar melhor e abrir a fechadura. Não.

Encontrei um grampo de cabelo. Ah, se isso é tão clichê em filme é porque deve funcionar na vida real, certo? Errado. Merda!

Bom, mas nem tudo está perdido. O importante é ter fé. Continuei a tentar, podia ser que desse para vencer a fechadura pelo cansaço.

Força um pouquinho a chave, empurra a porta, puxa a porta, força mais a chave... Está quase... Ao fim do que me pareceram cinco horas eu finalmente ouço barulho do outro lado. Aleluia. Deve ser a equipe de busca e salvação que a minha mãe contratou para me resgatar e eles me encontraram aqui no banheiro. Ou então é só o fulano mesmo. Mas agora já não interessa. Estou quase sendo salva.

- Hmmm... Já vi que te trancaste no banheiro. Passa a chave por baixo da porta que eu destranco-te.

Mas que raio de voz feminina é essa?! Oh merda! Com o barulho acordei a companheira de casa do bofe... Passei a chave e comecei a dizer:

- Olha, eu sou a namorada do fulano e eu estava tomando banho e...

Mas ela não me deixou terminar. Botou a chave na fechadura, deu um encontrão na porta. A fechadura cedeu, a chave rodou, a porta abriu. E eu, do outro lado, fazia o possível para me tapar com uma toalhinha de mãos.

- Errr... Prazer, eu sou a Ana, namorada do fulano.

Ela deu um sorriso amarelo e tentou fingir naturalidade enquanto disfarçava a surpresa. Eu acenei com a cabeça, porque achei que da dois beijinhos ia pegar mal naquela situação. Juntei o resto de dignidade que me sobrava e, com o ar de quem aparece pelada todos os dias em banheiros alheios, acrescentei:

- Finalmente eu te conheço! Adoro a decoração que você fez aqui na casa.

Ela continuou sorrindo e eu fui me esgueirando pelo corredor, de bunda virada para a parede. Entrei no quarto, vi o benzão babando na cama. Resisti ao impulso de sufocá-lo com o travesseiro e apenas empurrei-o para fora da cama.

5 comentários:

Val disse...

Menina, tô rindo até agora.
Imagino a cena...
Mas anota aí um conselho: sempre q for a um banheiro estranho, leva o celular... hehehehe
Bjos

Lari Bohnenberger disse...

Ahahahahahahahahahahahahaahah!
Que saia justa, heim! Não adianta, é Lei de Murphy mesmo. Quando uma coisa dá errado, todas as outras também dão! Rsrsrsrsrs!
Bjs!

Alex Page disse...

HAHAHA! Yah tu tinhas contado isso, mas simplesmer a ler assim com tudo detalhado ainda fica melhor. Adorei a ideia de teres tentado abrir a porta com sabão XD E o final foi mesmo 5 estrelas! Muito bem feito! Poderia ter sido feito pela Carrie!

Tati disse...

Não fica brava, mas tô rindo aqui! Compulsivamente!

[eu poderia até ser solidária e contar umas historinhas minhas, mas sabe... acho melhor não! Rs]

Evandro Varella disse...

Estória boa demais da conta sôoo! Adorei!
Abração