terça-feira, 25 de novembro de 2008

Efêmero

Hoje eu me peguei pensando como tudo na vida pode mudar em segundos. Do nada, assim, de repente. Vinícius é que sabe.

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes

4 comentários:

MaxReinert disse...

Tem horas que eu odeio essa tal efemeridade!!!!! Mas daí a poeira baixa e eu a aceito de bom grado!!! :P

Anónimo disse...

... que a tristeza e as lágrimas sejam sempre efêmeras nas nossas vidas!
bijinho*

By Mari Molina disse...

Prefiro o "Eterno", embora o efêmero exista.

Lari Bohnenberger disse...

Vinícius tem sempre as palavras para explicar aquilo que sentimos e não sabemos expressar!
Bjs!