quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ciúme, esse incompreendido

Ainda outro dia eu estava falando sobre ciúme. Mentira, eu tive essa conversa hoje. Só que achei que começar com "ainda outro dia" era mais charmoso. Enfim, continuemos.

Acho engraçado como as pessoas se enchem de orgulho ao declararem que não são ciumentas. Pois bem, eu encho o peito para dizer exatamente o oposto. Sou ciumenta sim senhor!

O ciúme deve ser, provavelmente, o mais incompreendido dos sentimentos. Mas sentir ciúme é tão natural como ficar alegre, ter fome ou sede. Ciúme é a defesa do território. Porque, antes de tudo, nós somos bichos. E esse sentimento nada mais é que uma resposta animal a um estímulo exterior.

Todo mundo que já tentou mexer na comida de um cachorro enquanto ele está com o focinho na tigela sabe que ele vai rosnar, como que dizendo: "fica na tua que isso aqui é meu!".

O ciúme é essa coisa que nos rói por dentro. E rói mesmo. Por algum motivo essas "coisas" se chamam sentimentos. É porque a gente sente mesmo. Tristeza realmente dói no peito, susto causa falta de ar, raiva ruboriza a face e o ciúme... Bem, o ciúme é azia. Aquele mal estarzinho que mói e faz franzir a sobrancelha, cerrar os dentes e... rosnar! É instintivo.

Chico Buarque, que tem todo o meu respeito e admiração, entende bem dessas coisas e defendeu a nobreza do ciúme em "Leite Derramado":

"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo mal fermenta."


O problema é que muita gente não sabe diferenciar o ciúme da paranóia. E olha que a diferença é simples. Ciúme é ver o mais-que-tudo conversando com aquela oferecida e tascar-lhe um beijão daqueles de tirar o fôlego (no maís-que-tudo, não na oferecida!). É a marcação do território. Tão natural (mas bem menos nojenta) que quando Estrela Regina resolve fazer xixi nos cantinhos da casa para mostrar o que (ela acha que) é dela.

Paranóia, por sua vez, é encher a cabeça do benzão, achando, desconfiando, supondo, que ele já pegou a mulher em todas as posições possíveis.

Ciúme é não gostar do que se vê. Paranóia é ver o que não existe.

Por isso eu continuo defendendo a minha bandeira. Sou da escola do "quem gosta cuida" e sou ciumenta sem qualquer pudor nisso. Nada dessa coisa de mulher mega moderna, desapegada e que não está nem aí. Não faço esse gênero super mulher e me contento em ser meramente... humana!

6 comentários:

Lari Bohnenberger disse...

Hum... não sei!

Analisemos: quando você diz Ciúme é ver o mais-que-tudo conversando com aquela oferecida e tascar-lhe um beijão daqueles de tirar o fôlego, você está se referindo a uma OFERECIDA? Tipo, uma mulher que não é ninguém mais se acha gostosa e fica se atirando pra cima do cara? Ou você se refere a qualquer ser do sexo feminino que se aproxime?

Essa diferença já não é tão óbvia e simples, né? Pois eu fico pasma que tem amigas minhas que não permitem que seus namorados tenham amigAs, a não ser que sejam as amigas dela. E a maioria deles obedecem, porque homem, além de cachorro, é cachorrinho. Eu já tive que me afastar de alguns amigos (amigos MESMO, sem segundas intenções) por causa disso. As namoradas não queriam eles batendo papo comigo. E eu não sou oferecida, não faz nem meu gênero.

O ciúme que eu sinto é diferente. Eu tenho ciúme se ele vai para algum lugar que eu gostaria de ir junto, mas não me convida porque é dia de sair com os amigos. É claro que se alguma desconhecida que realmente se ofereça pra ele, eu ficaria de olho. Mas não adianta marcar território. Até porque marcar não significa que você realmente tenha posse dele.

Bjs!

MaxReinert disse...

CONCOOOORDOOOO!!!!

Assim, todo em caixa alta pq é a mais pura verdade!!!

Anónimo disse...

eu, ciumenta, me confesso (também) ... :)
biju*

Tati disse...

E não é que vc e o Chico explica assim tão direitinho que a gente nem quer ter uma versão própria do ciúme?!!!!

Bjs

Anónimo disse...

Fofaaaaa
Vc sabe que lendo esse romance (Leite Derramado) me encontrei por diversas vezes por entre as linhas lindamente escritas por Chico (Mestre!!!). Por fim, aplaudi de pé sua coragem de "bater no peito" e assumir esse sentimento. Remoendo certas situações, pude perceber o quanto amadureci nesse aspecto. Se eu não tivesse me indagado certa vez sobre ele, não saberia q existe uma linha tênue entre o ciúme e a paranóia.
O lance é não deixar com que qualquer desses sentimentos a deteriore!!!
Bjs

Janaína Cordeiro de Moura disse...

Querida, que saudade de andar por aqui... Um ótimo 2010 para ti!!! E o texto é o máximo. Faço minhas as tuas palavras! rs... rs... Beijos.