segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Perfume

Chegada essa altura, eu já deveria conseguir olhar para ele com relativa indiferença. Já deveria ser possível pensar nele sem aperto no peito.

Não é que eu não tenha seguido em frente. Eu mudei e finalmente deixei de suspirar pelo que poderia ter sido.

Porque os lençóis já foram lavados vezes sem conta. Já perdi o rastro ao número dos banhos que tomei. O problema é que o cheiro dele vem das lembranças. Que nem cheiro de terra molhada, de grama acabada de cortar, de fim de tarde na praia. O perfume que eu reconheceria no meio multidão.

Se ele tivesse me dado alguma coisa, escrito uma carta de amor, seria fácil. Materializar a pessoa, rasgá-la e jogar no lixo. Bem mais fácil. Mas ele, quando foi embora, só me deixou memórias. Memórias e um fantasma que vagava pelo meu pensamento.

E, afinal, o que somos nós senão um amontoado de lembranças, grudadas com alguns aprendizados?

4 comentários:

MaxReinert disse...

Eita!!!!!

Sem maiores comentários... apenas reconheço e compartilho o sentimento!

Bruno disse...

As lembranças incorporam na gente e se fundem a tal ponto que muitas da vezes se tornam com um DNA (nos tornando únicos).

By Mari Molina disse...

Sei como é difícil! O que posso te dizer além de:
FORÇA,sempre!

Anónimo disse...

é o que eu sempre digo, falta-nos o botãozinho on/off no coração :( ...
bijinho* linda